14 agosto, 2012

Feliz? Eu.

Se eu disser que eu não acreditei
Quando você me disse adeus...

"Eu em algum momento, só quis ser uma menina, vivendo outras bocas, outros corpos e nunca me senti inferior os homens por ser mulher em relação a isso. Sempre fui muito decidida sobre isso. Não me julgue sem saber minhas razões. Porém em outros assuntos, tenho necessidade da opinião dos outros, da necessidade de ajuda, como se eu não fosse capaz sabe? Hoje as meninas de 15 anos tem o pensamento que eu tinha aos 13 anos. Mas hoje elas são muitas e eu nem sabia se existia outras como eu. Ou com os mesmos pensamentos, era considerava bizarra, a estranha entre as outras meninas da minha idade e quem pensa que com tempo melhorou, errou e errou muito feio.

Quando tinha 8 anos conhecia maldade do homem pura e sem escrúpulos, abuso infantil...
Alias, quem dera se fosse apenas o abuso, um bom psicologo resolveria o meu problema, mais não satisfeito sofria bulliyng, que na minha época não tinha nome. E tudo era minha culpa. Mas graças a um bloqueio mental, não me pergunte como, só sei que tenho, conseguia levar uma vida "normal", em meio a ameaças e humilhações diárias. Decidi que seria como os meninos, uma garota sem sentimentos e cruel.

Fui por um bom tempo, durante 6 anos, até encontrar o Jô, meu primeiro caso, pra mim eu só queria um parceiro para me exibir, só que acabei de apaixonando e fui sincera com ele. Ele sabia meus propósitos e o dele era o mesmo, nós nos divertíamos nesse jogo, até eu e ele nos apaixonarmos. Foi ruim para ambas as partes. Terminamos, por muito tempo ainda fui uma menina boba e apaixonada. E os abusos continuavam e eu tentava viver da maneira que dava, como suportava.

Quantas vezes me perguntei o que fazia nesse maldito mundo que só me machucavam?  Quantas vezes pensei numa forma de partir? Mas pensava na minha mãe que tanto lutou para eu estar ali...

Os anos passaram, junto com os abusos e maus tratos na escola. Eu não lembro de muita coisa sobre mim e agradeço ao meu cérebro por isso. Pois não viveria com tamanha dor. Eu já não aguentava mais os abusos.

Ele me chamava...
- Vem, vem aqui... Prometo que não vou te machucar... Prometo que será com amor...
- Ei, não chora, tira a blusa e limpa essas lágrimas... VAI LOGO PORRA, EU QUERO VOCÊ AGORA!
- Menina tão linda como você deve ser tratada com carinho, vem aqui, deixa eu pegar sua mãozinha e mostrar as coisas boas da vida...

Durou maldito 10 anos, e eu não dizia nada pra ninguém, senão ele matava minha família. Não conseguia falar, comecei a me isolar e assistir muita televisão e ler muito livro. Numa dessas de mudar de programa de televisão, parei no Datena, sim ele mesmo. E estavam falando sobre uma menina de 13 anos que era abusada pelo padrasto, e que aquilo se chamava PEDOFILIA, eu era uma maldita inocente que não sabia que aquilo era do mal. Sim, sabia o que era sexo, mais eu era criança, era inocente.

E disse:
- Mamãe, é isso, é isso que o FULANO faz comigo, isso é pedofilia.
Ela chorou e pediu que eu contasse o que aconteceu. Contei ai que ela chorou mais. Me senti pior que estava. A noite caiu e a a madrugada chegou e lá estava ele me chamando de novo.

- Por favor, vem aqui tenho presentes para você. Tenho balas, bonecas e dinheiro...
- Ei não foge ou mato sua família, promete que vai ser boa garota?
- Oh isso, pare de chorar e entre aqui...

Não, eu ia igual uma menina e meus pensamentos eram transferidos a outro lugar. Que até hoje não sei onde é...

Tão difícil viver assim, não é? Ainda assim, quando amo pela primeira vez e a pessoa joga na sua cara, bem feito que foi abusada. Bem feito que perdeu tudo. Nunca será nada. Nunca será ninguém.

Os abusos acabaram, mais e a dor? E quando você consegue acreditar em alguém, e contar sua dor e essas pessoas fazem piada. É tão difícil se entregar... É tão difícil amar...

Hoje me pergunto, pra que viver? Quem vai sentir falta? Em quem vai doer?"




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